TRATAMENTO

Não há tratamento específico para as distrofias. Há 10 anos atrás a única medida terapêutica era a fisioterapia. Inúmeras pesquisas tem sido feitas nos últimos anos para se obter a cura da doença.  As linhas de pesquisa se voltam para a terapia genética ou para a terapia medicamentosa. A terapia genética se procederá com a transferência do gene da distrofina, ou em parte dele, para cada célula muscular, ou da correção do defeito genético por técnicas especializadas. A terapia medicamentosa realizar-se-á com drogas, que não tem ação sobre o gene,  que atuariam na célula muscular bloqueando a sua degeneração. Muitos progressos tem sido feitos nas duas possibilidades de tratamento.

A fisioterapia contribui para prevenir contraturas e melhorar a qualidade de vida; em alguns casos cirurgias corretivas são necessárias; órteses podem ajudar em alguns casos. 

Para saber mais leia:

Guia para Pais de Exercícios para o Tratamento da Distrofia Muscular de Duchenne

Leia: Papel da Terapia Ocupacional no Tratamento das Distrofias Musculares

Leia: Nutrição e Distrofias Musculares

A partir do início da década de 90, alguns trabalhos foram divulgados relatando benefícios com a corticoterapia. Os grandes efeitos colaterais da corticóides  (ganho de peso, hipertensão, obesidade, osteoporose e catarata) foram motivos para o retardo dos estudos  dos corticóides nas distrofias. Com o surgimento de um corticóide novo, o deflazacort, muitos trabalhos passaram a demonstrar os benefícios a longo prazo do corticóide, com manutenção da força muscular e prolongamento da capacidade de deambulação. Os resultados animadores com o deflazacort fizeram surgir inúmeros trabalhos com a prednisona, e estudos comparativos entre cortícóides.  Não há consenso ainda quanto ao momento de introdução da droga, do tipo de corticóide a ser utilizado e do esquema de administração (diário, dias alternados, por períodos, etc). O consenso com relação a corticoterapia em distrofias é a necessidade de acompanhamento de perto, para monitorar os benefícios e para atuar preventivamente frente aos efeitos colaterais. Os pacientes que utilizam corticóides muitas vezes precisam de tratamentos associados relacionados com a osteoporose, por exemplo. Leia mais sobre os corticóides

Deflazacort increases laminin expression and myogenic repair, and induces early persistent functional gain in mdx mouse muscular dystrophy.

Deflazacort treatment of Duchenne muscular dystrophy.

Gentamicina é um antibiótico aminoglicosídeo que atuaria no mecanismo de tradução do RNA nos ribossomas, ignorando os chamados “stop codons” gerados pela mutação de ponto (ou seja com a droga a leitura se faria apesar da mutação). Em camundongos portadores de distrofia mais de 20% de distrofina foi produzida com este tratamento. Este efeito só ocorreria em pacientes que tivessem mutação de ponto, que é a minoria dos casos. A grande vantagem da gentamicina é que é uma droga muito conhecida e de uso regular em medicina. As grandes desvantagens são a forma de aplicação que deve ser injetável (NÃO É ABSORVIDA POR VIA ORAL) e os efeitos colaterais para a função auditiva (surdez) e renal (insuficiência renal). Em estudos realizados com portadores de Duchenne e de distrofias de cintura não houve a resposta esperada, ou seja, o restabelecimento da produção da proteína necessária; no entanto os pacientes apresentaram redução dos níveis de CK sérica, o que poderia indicar menor agressão muscular. As pesquisas prosseguem a cargo da Dra. Cheryl Wall ( [email protected]

http://www.mdausa.org/research/010831_ExpandedGentamicinTrial.html

http://www.mdausa.org/publications/Quest/q83resup.cfm#gentamicin

http://www.geocities.com/CapeCanaveral/8676/

Entenda como funcionaria o tratamento com gentamicina:

Normal

GENE DA DISTROFINA COM TAMANHO NORMAL
Mutação de Ponto + Gentamicina

GENTAMICINA  GENE DA DISTROFINA COM MUTAÇÃO DE PONTO

PROTEÍNA DISTROFINA NORMAL

PROTEÍNA DISTROFINA NORMAL
Mutação de ponto -stop codon

GENE DA DISTROFINA COM MUTAÇÃO DE PONTO
Em camundongos, a gentamicina permite a células ler ultrapassando a mutação de pontono gene da distrofina. Uma nova pesquisa pode ajudar a explicar como a distrofina pode afetar os meninos com distrofia muscular de Duchenne.

PROTEÍNA DISTROFINA DEFEITUOSA (CURTA)

fonte: http://www.mdausa.org/publications/Quest/q93resup.cfm

A creatina é um composto natural, usado como complemento alimentar por atletas, é uma das substâncias que pode retardar a degeneração muscular. A creatinina penetra no músculo e se transforma em fosfocreatinina que além de fornecer energia para a contração muscular promove a remoção de cálcio supérfluo, uma das causas da destruição muscular. Há trabalhos experimentais e clínicos comprovando benefícios do seu uso, embora estudos maiores, com maior número de casos, estejam sendo realizados. Leia mais sobre creatina

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Retrieve&db=PubMed&list_uids=10763500&dopt=Abstract

Creatine monohydrate in muscular dystrophies: A double-blind, placebo-controlled clinical study

Oral creatine supplementation in Duchenne muscular dystrophy: a clinical and 31P magnetic resonance spectroscopy study.


http://www.afssa.fr/actualites/index.asp?mode=actu&ladate=&id_info=3022&id_theme=1086

A utrofina é uma proteína embrionária, se presente em quantidade adequada, pode exercer a função da distrofina. Ela é expressa pela transcrição de um gene situado no braço largo do cromossomo 6. Há 80% de semelhança na sequência de aminoácidos entre a utrofina e a distrofina. Em fibras musculares maduras a utrofina se localiza na face citoplasmática das junções neuromusculares e miotendinosas, nervos e capilares mas em células em desenvolvimento e músculos em regeneração ela é encontrada no sarcolema. Em estudos experimentais a expressão da distrofina mostrou-se promissora na correção da lesão muscular. Uma série de estudos tem sido feitos para identificar drogas que possam promover up-regulation do gene da utrofina. Como as drogas poderiam atuar em outros genes não esta descartada a possibilidade deste tipo de terapêutica promover efeitos colaterais graves.  

http://www.cryst.bbk.ac.uk/~ubcg48a/glasgow_files/frame.htm

O CING (Cooperative International Neuromuscular Research Group) um grupo de laboratórios  de pesquisa dos Estados Unidos e em outros países realizou testes com 56 drogas em camundongos com distrofia. As drogas que produziram  resultados como a creatina, glutamina, L-arginina, carnitina oxatomida, IGF-1, pentoxifilina, coenzima Q-10, piridoxina, salbutamol, taurina e IL-1ra, serão, ou já estão sendo, submetidas a estudos controlados para comprovar a sua eficácia em portadores da doença.

A homeopatia  foi desenvolvida por Samuel Hahnemann há mais de 200 anos, quando a ciência médica ainda engatinhava. Naquela época os tratamentos eram baseados na sangria, nos ferros em brasa, nos sangue-sugas, nas ventosas; não havia termômetro, aparelho para mediar a pressão arterial e nem estetoscópio; a genética ainda não existia.  Neste período a medicina evoluiu muito com as vacinas, os antibióticos, os quimioterápicos, a identificação dos genes, etc. A homeopatia utiliza princípios estabelecidos por Hahnemann naquela época e que após todo esse tempo não puderam ser provados. No tratamento da distrofia muscular não há nenhum trabalho científico conclusivo  da sua eficácia.

http://www.nib.unicamp.br/recursos/homeopatia/encruzilhada.htm

http://www.nib.unicamp.br/recursos/homeopatia/index.html

            Os trabalhos tem demonstrado um aumento do risco de acidentes anestésicos e óbitos nos portadores de distrofia musculares. Os riscos e os cuidados estão no seguinte texto

Leia: Cirurgia de alongamento do tendão de Aquiles

 

Direito dos portadores de necessidades especiais

  Osteoporose nas doenças neuromusculares  

Charlatanismo e distrofia muscular

Médicos tornam doença em caso de polícia

Esquema dos músculos afetados nas principais formas de distrofia muscular

Manuseio ventilatório nas doenças neuromusculares

 

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