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ATENÇÃO ESTA PÁGINA CONTÉM INFORMAÇÕES OBTIDAS EM SITES MÉDICOS, DE NOTÍCIAS, DE ENTIDADES DE PESQUISA E LITERATURA MÉDICA ESPECIALIZADA. MUITAS DAS INFORMAÇÕES SE DESTINAM A PROFISSIONAIS DA ÁREA DE SAÚDE OU PESQUISA POR SEREM MUITO ESPECIALIZADAS. AS PESQUISAS AQUI RELATADAS SÃO NA SUA MAIORIA DE PONTA, NÃO PODENDO SER TRANSPOSTAS RAPIDAMENTE PARA O USO CLÍNICO. EM GERAL HÁ UMA DEMORA QUE PODE SER SUPERIOR A 5 ANOS ENTRE UM TRABALHO EXPERIMENTAL PROMISSOR E SEU USO CLÍNICO.

Os resumos das notícias podem ser copiados livremente desde que citada a fonte.....Os resumos das notícias podem ser copiados livremente desde que citada a fonte...Os textos não assinados são de autoria de David Feder

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Este ano eu inclui neste site muitas pesquisas com células tronco, terapia gênica, medicamentos, etc. Analisando retrospectivamente estas pesquisas eu selecionei as dez mais promissoras linhas de pesquisa em tratamento medicamentoso da distrofia muscular de Duchenne. Em minha opinião o tratamento farmacológico é o que pode promover resultados mais imediatos no tratamento da doença até que um tratamento definitivo seja encontrado. Inclui também as pesquisas com suplementos, as pesquisas com os corticóides  e as pesquisas para tratamento das manifestações cardíacas da doença. Uma analise mais detalhada desta lista, que é meramente uma opinião pessoal, mostrará que a maioria das pesquisas com drogas estão sendo feitas fora dos Estados Unidos, em especial na Itália e Austrália.

Noruega - Tid for Livet que poderia ser traduzido como Tempo para a Vida é o nome da entidade norueguesa criada por Berit Sofie Segtnan e Vegard Wollan, pais de portadores de distrofia muscular de Duchenne. Esta entidade irá arrecadar fundos para pesquisas para tratamento da distrofia muscular de Duchenne. O diferencial desta entidade é que 100% do dinheiro arrecadado será empregado em pesquisas que possam trazer resultados em curto espaço de tempo, em especial para esta geração de pacientes. Os projetos a serem financiados serão analisados por um comitê de pesquisadores e a verba só será liberada para projetos que realmente atendam aos objetivos do Tid for Livet. Eu recebi o convite e aceitei participar do Comitê científico que irá analisar os projetos a serem financiados.

Alemanha - o Dr Guenter Scheuerbrandt é um bioquímico aposentado que prepara resumos das pesquisas mais recentes, procurando explicá-las do modo mais simples possível. Este relatório inclui as últimas pesquisas do ano, mas no momento ele só foi publicado em inglês.

França - os pesquisadores utilizaram camundongos com deficiência em alfa-sarcoglican (com defeito semelhante a uma forma de distrofia muscular tipo cintura). Estes animais receberam vetor viral com o gene alfa-sarcoglican. Os animais tratados apresentaram melhora da força muscular e redução das alterações musculares, demonstrando que esta forma de tratamento pode ser útil no tratamento das distrofias tipo cintura.

USA - neste estudo realizado os autores injetaram vírus contendo o gene da distrofina no músculo de cães (dois tipos de vírus); ao contrário do que os autores observaram em camundongos os cães apresentaram uma reação imunológica a injeção do vírus. Se estes resultados se confirmarem em outros estudos esta modalidade de tratamento precisará obrigatoriamente ser acompanhada de drogas que reduzem a imunidade.

Itália - o mesmo grupo italiano que descreveu bons resultados com células tronco em camundongos e cães realizou esta pesquisa associando uma droga nova com a terapai com células tronco. A droga nova é chamada de HCT 1026, um anti-inflaamatório derivado do flurbiproen e que libera óxido nítrico. É auma droga segura com poucos efeitos colaterais paara o estômago e tolerada para tratamento a longo prazo. A droga foi administrada por um ano a camundongos, em dois modelos de distrofia, camundongo mdx, sem distrofina, e o camundongo sem a proteína alfa sarcoglican. Houve melhora das alterações dos músculos, dos níveis de CK e da fadiga muscular com retardo da evolução da doença. os resultados nos camundongos foram melhores que os obtidos com corticóides. Os camundongos tratados com HCT 1026 e que receberam células tronco tiveram quatro vezes mais células tronco mugrando para os músculos. Este tratamento experimental com HCT 1026 demonstrou ser muito eficiente, com resultados positivos a longo prazo. O resumo do artigo e as informações adicionais, em inglês, podem ser lido abaixo:

(IN PRESS: PNAS 2007, 104(1):264-9) Nitric oxide release combined with nonsteroidal antiinflammatory activity prevents muscular dystrophy pathology and enhances stem cell therapy

Silvia Brunelli, Clara Sciorati, Giuseppe D’Antona, Anna Innocenzi, Diego Covarello, Beatriz G. Galvez, Cristiana Perrotta, Angela Monopoli, Francesca Sanvito, Roberto Bottinelli, Ennio Ongini, Giulio Cossu and Emilio Clementi - Italy

Duchenne muscular dystrophy is a relatively common disease that affects skeletal muscle, leading to progressive paralysis and death. There is currently no resolutive therapy. We have developed a treatment in which we combined the effects of nitric oxide with nonsteroidal antiinflammatory activity by using HCT 1026, a nitric oxide-releasing derivative of flurbiprofen. Here, we report the results of long-term (1-year) oral treatment with HCT 1026 of two murine models for limb girdle and Duchenne muscular dystrophies (alpha-sarcoglycan-null and mdx mice). In both models, HCT 1026 significantly ameliorated the morphological, biochemical, and functional phenotype in the absence of secondary effects, efficiently slowing down disease progression. HCT 1026 acted by reducing inflammation, preventing muscle damage, and preserving the number and function of satellite cells. HCT 1026 was significantly more effective than the corticosteroid prednisolone, which was analyzed in parallel. As an additional beneficial effect, HCT 1026 enhanced the therapeutic efficacy of arterially delivered donor stem cells, by increasing 4-fold their ability to migrate and reconstitute muscle fibers. The therapeutic strategy we propose is not selective for a subset of mutations; it provides ground for immediate clinical experimentation with HCT 1026 alone, which is approved for use in humans; and it sets the stage for combined therapies with donor or autologous, genetically corrected stem cells.

ADDITIONAL INFORMATIONS:

"HCT 1026, a derivative of flurbiprofen, one of the most potent nonsteroidal antiinflammatory drugs, that releases NO and does not have the severe side effects of corticosteroids. Of importance for an immediate testing in the clinic is the fact that HCT 1026 is safe at the gastrointestinal level, and it has been approved for use in humans; it is effective on oral administration, and it is thus suited for long-term treatment."

"Two decades after the identification of the molecular defect responsible for Duchenne muscular dystrophy, there are still no effective cures for the disease. The failure of all previous pharmacological treatments has left corticosteroids as the only available drug treatment. Therapy with corticosteroids, despite current attempts to ameliorate the protocols of administration, is still of limited clinical benefits, and it is accompanied by severe side effects. The treatment we tested here meets several criteria for an effective therapy, including the ability to block or at least significantly delay the progress of the disease, produce little or no side toxicity, be cost-effective, and, eventually, resolve the underlying genetic defect. In particular, the administration of HCT 1026 was sufficient on its own to delay significantly and persistently the progression of muscular dystrophy in two different models relevant to muscular dystrophy in humans. The drug was effective in correcting biochemical and morphological alterations and in limiting inflammation. Most importantly, the drug increased muscle strength and significantly increased the ability of animals to perform on different motility tests. This functional amelioration was persistent after 12 months of treatment, when disease in untreated animal was severe, clearly demonstrating the efficacy of the treatment in slowing disease progression. Long-term beneficial effects have not been reported for any of the experimental treatments of muscular dystrophy investigated so far."

USA - este estudo procura determinar as alterações de comportamento de meninos com distrofia muscular tentando estabelecer a causa destas alterações, se decorrentes da doença crônica com limitação física ou se esta alteração de comportamento poderia se dever ao defeito genético. O estudo demonstrou que os meninos com distrofia muscular de Duchenne tem significantemente mais alterações de comportamento do que seus irmãos e de portadores de paralisia cerebral, indicando que em parte a ausência de distrofina possa estar envolvida nesta alteração.

São Paulo - uma das formas promissoras para tratamento da distrofia muscular é a utilização da células tronco. Um dos problemas ainda não solucionados é como fazer as células tronco se diferenciar no tecido que precisamos, no caso músculos. Nesta pesquisa  realizada pela equipe da Dra. Mayana Zatz as células tronco cultivadas em laboratório puderam se diferenciar em músculos  e produzir distrofina após serem implantadas em camundongos com distrofia muscular e novamente cultivadas em laboratório. Isto demonstra mais uma vez que existem em nosso organismo citocinas que podem orientar a diferenciação das células tronco. A identificação clara destas citocinas permitirá que as células tronco possam ser utilizadas no tratamento das distrofias musculares.

São Paulo - Infelizmente o conhecimento sobre distrofias musculares é muito precário, em especial nos atendimentos de emergência nos pronto-socorros, pronto-atendimentos, UTIs, etc. Estas informações que foram resumidas nesta página tem o objetivo fornecer informações indispensáveis para um bom atendimento em situações de emergência.

Itália -  esta pesquisa é do mesmo grupo que recentemente demonstrou em cães bons resultados com o uso de mesangioblastos para tratamento da distrofia muscular. Neste estudo em camundongos os mesangioblastos foram tratados previamente, antes da injeção, com doadores de óxido nítrico. Estas células tratadas foram mais eficientes para tratamento da distrofia muscular do que as células não tratadas. O resumo em inglês desta pesquisa pode ser lido abaixo:

(IN PRESS: Journal of Cell Science 2006; 119: 5114-5123) Ex vivo treatment with nitric oxide increases mesoangioblast therapeutic efficacy in muscular dystrophy 

Clara Sciorati, Beatriz G. Galvez, Silvia Brunelli, Enrico Tagliafico, Stefano Ferrari, Giulio Cossuand Emilio Clementi - Italy

Muscular dystrophies are characterized by primary wasting of skeletal muscle for which no satisfactory therapy is available. Studies in animal models have shown that stem cell-based therapies may improve the outcome of the disease, and that mesoangioblasts are promising stem cells in this respect. The efficacy of mesoangioblasts in yielding extensive muscle repair is, however, still limited. We found that mesoangioblasts treated with nitric oxide (NO) donors and injected intra-arterially in {alpha}-sarcoglycan-null dystrophic mice have a significantly enhanced ability to migrate to dystrophic muscles, to resist their apoptogenic environment and engraft into them, yielding a significant recovery of {alpha}-sarcolgycan expression. In vitro NO-treated mesoangioblasts displayed an enhanced chemotactic response to myotubes, cytokines and growth factors generated by the dystrophic muscle. In addition, they displayed an increased ability to fuse with myotubes and differentiating myoblasts and to survive when exposed to cytotoxic stimuli similar to those present in the dystrophic muscle. All the effects of NO were cyclic GMP-dependent since they were mimicked by treatment with the membrane permeant cyclic-GMP analogue 8-bromo-cGMP and prevented by inhibiting guanylate cyclase. We conclude that NO donors exert multiple beneficial effects on mesoangioblasts that may be used to increase their efficacy in cell therapy of muscular dystrophies.

Itália - ácidos graxos alfa 3 poliinsaturados reduzem o risco de doença isquêmica cardíaca mas não haviam sido testados em doença genética cardíaca. Neste estudo o ácido alfa linolênico foi administrado a hamsters com distrofia muscular por deficiência de delta sarcoglicans. Houve redução das alterações patológicas do músculo cardíaco e aumento da sobrevida destes animais. Isto demonstra que o ácido alfa linolênico pode retardar as alterações cardíacas nas distrofias musculares. O resumo do artigo em inglês está abaixo:

Alpha-Linolenic Acid-Enriched Diet Prevents Myocardial Damage and Expands Longevity in Cardiomyopathic Hamsters

Roberta Fiaccavento, Felicia Carotenuto,Marilena Minieri, Laura Masuelli, Alba Vecchini, Roberto Bei, Andrea Modesti, Luciano Binaglia, Angelo Fusco, Aldo Bertoli, Giancarlo Forte, Luciana Carosella, and Paolo Di Nardo  -  Italy

(Am J Pathol 2006, 169:1913–1924)

Randomized clinical trials have demonstrated that the increased intake of alpha-3 polyunsaturated fatty acids significantly reduces the risk of ischemic cardiovascular disease, but no investigations have been performed in hereditary cardiomyopathies with diffusely damaged myocardium. In the present study, -delta-sarcoglycan- null cardiomyopathic hamsters were fed from weaning to death with an alpha-linolenic acid (ALA)-enriched versus standard diet. Results demonstrated a great accumulation of ALA and eicosapentaenoic acid and an increased  eicosapentaenoic/arachidonic acid ratio in cardiomyopathic hamster hearts, correlating with the preservation of myocardial structure and function. In fact, ALA administration preserved plasmalemma and mitochondrial membrane integrity, thus maintaining proper cell/extracellular matrix contacts and signaling, as well as a normal gene expression profile (myosin heavy chain isoforms, atrial natriuretic peptide, transforming growth factor-beta1) and a limited extension of fibrotic areas within ALA-fed cardiomyopathic hearts. Consequently, hemodynamic indexes were safeguarded, and more than 60% of ALA-fed animals were still alive (mean survival time, 293+141.8 days) when all those fed with standard diet were deceased (mean survival time, 175.9 + 56 days). Therefore, the clinically evident beneficial effects of alpha-3 polyunsaturated fatty acids are mainly related to preservation of myocardium structure and function and the attenuation of myocardial fibrosis.

Inglaterra - o uso da ventilação não invasiva em portadores de doenças neuromusculares, acompanhado de outros cuidados como o auxílio a tosse,  tem modificado a evolução destas doenças nas últimas duas décadas. Neste artigo os autores revisam os cuidados respiratórios dos pacientes com doenças neuromusculares. Aqui no Brasil o uso de ventilação não invasiva é garantido aos portadores de distrofia muscular por uma portaria do Ministério da Saúde que não tem sido respeitada em muitas cidades e estados. O resumo do artigo em inglês pode ser lido abaixo:

(IN PRESS: Chest 2006; 130:1879-1886) Recent Advances in Respiratory Care for Neuromuscular Disease

Anita K. Simonds - UK

The impact of ventilatory support on the natural history of neuromuscular disease (NMD) has become clearer over the last 2 decades as techniques have been more widely applied. Noninvasive ventilation (NIV) allows some patients with nonprogressive pathology to live to nearly normal life expectancy, extends survival by many years in patients with other conditions (eg, Duchenne muscular dystrophy), and in those patients with rapidly deteriorating disease (eg, amyotrophic lateral sclerosis) survival may be increased, but symptoms can be palliated even if mortality is not reduced. A growing number of children with NMD are surviving to adulthood with the aid of ventilatory support. The combination of NIV with cough-assist techniques decreases pulmonary morbidity and hospital admissions. Trials have confirmed that NIV works in part by enhancing chemosensitivity, and in patients with many different neuromuscular conditions the most effective time to introduce NIV is when symptomatic sleep-disordered breathing develops.

                           

Canadá - este grupo de pesquisas continua pesquisando o uso de mioblastos para tratamento da distrofia muscular de Duchenne; neste relato eles acompanharam um paciente de 26 anos que recebeu em diversos músculos injeções de grandes volumes de mioblastos acompanhado do uso de tacrolimus como imunossupressor. Não houve complicações do procedimento. No acompaanhamento a longo prazo houve expressão significativa da distrofina nos locais de aplicação. Nos locais em que a injeção não tinha mioblastos não houve expressão da distrofina.  Este tratamento que já foi usado há muitos anos e sem sucesso está sendo aperfeiçoado por este grupo de pesquisadores.

São Paulo - "Coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP), um dos Cepids (Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão) financiados pela FAPESP, a geneticista Mayana Zatz estuda há mais de duas décadas a biologia molecular das doenças neuromusculares, em especial da distrofia de Duchenne, que atinge um em cada 2 mil nascidos vivos. Nesta entrevista, Mayana, que também é fundadora e diretora presidente da Associação Brasileira de Distrofia Muscular, comenta os resultados animadores da tentativa de terapia celular relatada na revista Nature pelo grupo italiano e fala dos experimentos, também com células-tronco adultas, que seu grupo conduz na USP com cachorros que sofrem de distrofia.

Como a senhora analisa os efeitos dos tratamentos propostos no artigo da Nature?
Embora ainda modestos, os resultados sugerem que o tratamento da distrofia de Duchenne, ou de outras formas de distrofia, por meio do transplante de células-tronco adultas heterólogas, obtidas de um doador sadio, poderá ser possível. A ocorrência nos cães de uma reação imunológica modesta (ou seja, a rejeição ao material biológico externo transplantado não foi violenta) indica que talvez não seja necessário manter o sistema imunológico dos animais deprimido durante toda a sua vida. Parece ser possível recorrer à imunossupressão de forma leve e apenas temporária. Isso é um aspecto positivo dessa abordagem. O trabalho publicado reforça a idéia de que estamos no caminho certo e que talvez experiências com humanos possam ser realizadas antes do esperado.  É, sem dúvida, uma luz muito importante no fim do túnel!

No experimento dos italianos, o transplante de células-troncos adultas dos próprios animais doentes, só que modificadas por um tipo de terapia gênica, não deu os mesmos resultados que o uso de células heterólogas, de doadores sadios. A senhora acredita mais na viabilidade dessa segunda abordagem?
Pessoalmente, acho que o transplante heterólogo vai ser melhor. Além de ser mais fácil, vai permitir que se trate todas os tipos de distrofia e não só a de  Duchenne. No caso do transplante autólogo, que é uma combinação de terapia gênica e terapia celular, não houve melhora clínica e os animais tratados perderam progressivamente a capacidade para andar.  Como o gene da distrofina, é gigantesco  – tem mais de 2 milhões de pares de bases – os pesquisadores italianos inseriram nos mesangioblastos (um tipo de célula-tronco) um micro-gene da distrofina  no qual são mantidas as partes fundamentais para que ele continue funcional. Mas essa abordagem, além de ser mais difícil de ser executada,  não deu bons resultados.

A senhora acha que os resultados do estudo italiano são os mais promissores até agora obtidos por grupos de pesquisa que trabalham com distrofia muscular?
Diria que sim, porque o experimento deles é o mais próximo do que poderemos fazer com seres humanos.

Existem pesquisas semelhantes às dos italianos sendo realizadas no Brasil?
Nosso grupo, no Centro de Estudos do Genoma Humano (um dos dez Cepids financiados pela FAPESP), também tem trabalhado com cães da raça golden retriever com distrofia em  colaboração com o grupo da Dra.Maria Angélica Miglino, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP e com os doutores Irina Kerkis e Alexandre Kerkis, do Instituto Butantan. No momento, estamos submetendo 8 cães com distrofia a tratamentos com diferentes tipos de células-tronco  e mantemos 7 cães doentes como grupo de controle, sem receber nenhum tipo de terapia. Alguns dos nossos animais também receberam imunossupressão  leve e por pouco tempo. Outros não receberam nenhuma imunossupressão e não tiveram reação. Isso é muito positivo. Diferentemente dos italianos, não pretendemos sacrificar nenhum animal. Ao contrário, queremos que eles vivam muito. Portanto, nossa experiência pessoal permite uma análise profunda do trabalho dos italianos. Alguns aspectos do estudo deles nos chamaram a atenção. O primeiro foi a caracterização dos cães com distrofia. De acordo com a descrição publicada na Nature, os cães italianos   morrem geralmente no primeiro ano de vida e perdem quase completamente a mobilidade e a capacidade para andar. Isso, no entanto, não aconteceu com nenhum dos oito machos de nosso canil, algo surpreendente porque todos eles possuem a mesma mutação.

As manifestações clínicas da distrofia nos seus cães diferem muito das relatadas pelo grupo da Itália?
Nos nossos cães, a distrofia apresenta uma grande variabilidade clínica: alguns animais afetados pela doença morrem nos primeiros dias ou semanas de vida enquanto outros podem sobreviver alguns anos e serem pouco afetados. Temos dois machos que, apesar de portadores da mutação, são tão pouco afetados clinicamente que recentemente puderam se tornar pais. cruzaram naturalmente com as fêmeas. Diferentemente do grupo italiano, nenhum dos machos afetados de nosso canil que chegou à idade adulta perdeu a capacidade de andar.  Essa grande variabilidade clínica torna difícil avaliar os efeitos reais de um tratamento. Será que os animais estão melhores porque foram tratados ou porque existem outros genes ou fatores naturais que os protegem dos efeitos deletérios da mutação?

Seu grupo já publicou algum trabalho com os resultados dos experimentos com cães?
Ainda não publicamos nada, mas só trabalhamos com células heterólogas, de doadores sadios. Estamos usando outros tipos de células-tronco adultas, principalmente as mesenquimais, um tipo de célula-tronco que retiramos do cordão umbilical  e também de outros tecidos. Mas há algumas questões para as quais ainda não temos resposta. Por exemplo, ninguém sabe quantos transplantes de células-tronco serão necessários para obter algum efeito. Em nosso primeiro experimento, demos uma dose única para ver o que acontece, mas ainda estamos analisando os resultados. Também não sabemos qual é a melhor via de injeção nem qual deve ser o  intervalo entre as doses. Outro ponto em aberto é quando devemos começar o tratamento.

É possível avaliar se estamos a anos ou décadas de um tratamento efetivo para as distrofias?
Acho que estamos a anos, talvez menos tempo do que se imagina. De qualquer modo,  vai ser importante acompanhar esses cães a longo prazo."

Australia - formoterol é uma droga utilizada rotineiramente no tratamento da asma; utilizada em baixas doses em camundongos causa hipertrofia muscular. Neste estudo doses baixas de formoterol foram adminstradas a camundongos com distrofia muscular. Os camundongos foram tratados por 10 semanas. Os animais apresentaram aumento da massa muscular; não houve aumento da fadiga muscular. Os resultados observaram demonstraram que o formoterol tem uma ação anabólica que poderia ser útil nos pacientes com distrofia muscular.

 

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